27 de mai. de 2010

ARTIGO..CURITIBA CAI NO CHORO...!!!

GRUPO VARIEDADES CONTEMPORANÊAS LANÇA CD EM JUNHO ....
Há duas semanas escrevi aqui neste espaço so­­bre o disco do Julião Boêmio, cavaquinista, compositor e arranjador de primeira. Dedicado ao choro. Desde então comecei a recordar meus encontros com este estilo musical urbano brasileiro, comparado ao jazz - se bem que surgiu antes que o jazz, numa mistura de ritmos e instrumentos europeus e africanos, promovida com a vinda da família real portuguesa para o Brasil. O choro é, ao mesmo tempo, um teste e uma diversão para os grandes músicos nacionais. Mas não só para eles. O primeiro contato que tive com esse estilo musical foi na casa de meus pais, em festas nas quais trabalhadores de mãos calejadas dedilhavam suave e precisamente seus instrumentos. Músicos amadores no melhor sentido da palavra. Para tocá-lo bem, é preciso tanto técnica quanto intuição.
Não se pode dizer que Curitiba seja a capital do choro do país. Afinal, só na Lapa carioca deve ter mais grupos de chorinho do que aqui. No entanto, a cidade já construiu, ao longo do tempo, seu lugar na propagação, estudo e recriação do choro brasileiro. Vamos lembrar.
O Choro e Seresta é o mais popular grupo de choro de Curitiba. Não deve haver na cidade quem ainda não o tenha visto e ouvido tocar alguma vez. Talvez pelo nome as pessoas não se deem conta. Mas, se você já foi alguma vez na Feirinha de Artesanato do Largo da Ordem, aos domingos, é quase certeza que tenha escutado algumas notas tocadas por este regional tradicional. Sim, é o grupo de chorinho que toca na Feirinha do Largo desde que ela existe. É uma das marcas de Curitiba, um som que embala os domingos da cidade ali ao lado do Relógio das Flores e agora com a companhia sempre presente do jornalista Nireu Teixeira - que ganhou uma estátua no local e reúne os chorões à sua volta, contando histórias e batucando sua caixinha de fósforos marca Pinheiro.
Também ali, no Largo da Ordem, surgiu, no início dos anos 90, o Conservatório de Música Popular Brasileira, idealização de Lúcia Camargo e direção artística do maestro Roberto Gnattali, sobrinho de Radamés Gnattali, um dos grandes incentivadores do choro nacional. Em torno do Conservatório, formou-se um núcleo de músicos de primeira e, com eles, surgiu o Clube do Choro de Curitiba.
Nomes como o clarinetista Sérgio Albach e do violonista e cavaquinista João Egashira apareceram nessa época e hoje estão à frente de dois dos mais conceituados grupos musicais brasileiros de música instrumental, respectivamente a Orquestra à Base de Sopro e a Orquestra à Base de Corda, ambas pertencentes ao Conservatório. Os dois foram catalizadores e propulsores de uma nova safra de musicistas curitibanos ligados ao choro. Respeitando o passado e abertos a influências modernas.
Em outra academia, a Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), também existe um núcleo que reúne chorões semanalmente. Há ações anuais durante o Dia Nacional do Choro – dia 23 de abril, data do nascimento de Pixinguinha – que movimentam a cidade. Por dois anos seguidos, já se promove a maratona do choro na cidade, São 24 horas seguidas em que músicos revezam-se tocando o ritmo. Há também o Festival Curitiba no Choro, que traz compositores e músicos de várias partes do país para a cidade, concorrendo nas categorias composição e instrumentista. O tradicional Festival de Música de Curitiba também reúne chorões anualmente na cidade.
É por essas e outras razões que de vez em quando temos por aqui espetáculos dedicados ao choro que reúne instrumentistas nacionais e internacionais. Um deles vai acontecer nos dias 4 e 5 de junho, às 21 horas, o Teatro Paiol. No dia, Davi Sartori (piano), Gabriel Schwartz (flauta e sax), Julião Boêmio (cavaco), Graciliano Zambonin (bateria) e Jefferson Lescowich (baixo acústico), todos músicos da cidade, se juntarão ao clarinetista italiano Gabriele Mirabassi e ao pianista e maestro carioca Laércio de Freitas para o lançamento do CD Variedades Contemporâneas, que leva o nome do grupo e é todo dedicado ao choro. Lançamento pelo selo paulistano Sete Sóis com distribuição Tratore. E assim Curitiba cai no choro.
LUIZ CLAUDIO DE OLIVEIRA

ARTIGO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO CHORO..MÚSICA POPULAR BRASILEIRA...

Carlos Henrique Machado Freitas(bandolinista e compositor..)

A IMPORTÂNCIA DA MUSICA POPULAR BRASILEIRA....


O período atual do Brasil, especialmente o das artes, é o de nacionalização. Estamos procurando conformar a produção humana do país com a realidade nacional. A música popular brasileira é a mais completa, a mais totalmente nacional, a mais forte criação da nossa raça brasileira. Todo artista brasileiro que no momento atual fizer arte brasileira, é um ser eficiente com valor humano. O que fizer arte internacional ou estrangeira, se não for um gênio, é um inútil, um nulo. “E é uma reverendíssima besta”. (Mário de Andrade).
Há uma coisa muito séria neste país chamada música popular brasileira que a leviandade institucional, carregada de absoluta ignorância, insiste em marginalizar, promovendo verdadeira cruzada libertária para o estrangeirismo barato em detrimento à total independência da sociedade em, pelo menos, dois séculos da nossa música técnica.
Não posso deixar de dizer da minha emoção, por mais que queira me conter, deste fato inédito no Brasil, o surgimento do Espaço Cultural do Choro.
Tenho argumentado, de forma crítica e ácida, sobre o absurdo da nossa música, até hoje, não ter um assento institucional no país. Isso é um assombro!
A não percepção do status produzido pela música brasileira como a verdadeira identidade deste país, é o tom genérico da universalização inútil, vazia, que ganha ares de nobreza e abona o seu caráter maldoso e carreirista, transformando numa sandice o que é considerada hoje como a música oficial neste país.
O Brasil é, sobretudo, música. A música brasileira é, sobretudo, o choro. O choro brasileiro é, sobretudo, livre, abrangente, liberto de característica única. O choro é sim a nossa cara, a nossa pluralidade, o eco de todos os sons que ouvimos aqui e que vem, há pelo menos duzentos anos, reeditando, através de novas formas técnicas e de fórmulas conceituais, a sua inesgotável dinâmica.
Ter uma música nacional com tamanha força representativa é algo que poucos países, ao longo de suas histórias, conseguiram. Ser um mediador científico e, ao mesmo tempo espontâneo, com tantos sons e linguagens de extrema vivacidade, é um ineditismo não percebido pelo modernismo barato sustentado pela leviandade de escolas estéticas que excluem o que é verdadeiramente do Brasil, o que as torna instituições gélidas e desinteressadas das questões essenciais do país e do homem brasileiro.
Um monumento como este, assinado por Oscar Niemeyer, erguido em Brasília, abrangerá, bem mais que a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello e um palco à altura da Musica Instrumental brasileira, abrigará toda a singular memória da nossa música em sua essência através de um arquivo histórico.
O que há de mais monumental em tudo isso, é a compreensão do traçado da resistência natural do sentimento nacional através da música. O Espaço Cultural do Choro é o filho bonito e real do Brasil, pois nasce da pluralidade e da escolha independente do povo brasileiro.
Todas as escolas de música, espanholas, italianas, alemãs, européias de maneira geral, foram construídas sobre alicerces concretos com bases em suas realidades. A música brasileira, o Choro, tem bases em sua total liberdade no chão brasileiro.
Mário de Andrade, a quem tomo como referência, como o principal observador e conhecedor da nossa história musical, fez observações sobre a nossa necessária busca pela independência através da música. E diz: “O critério atual da música brasileira deve ser não filosófico, mas social. Deve ser um critério de combate. “A força nova que voluntariamente se desperdiça por um motivo que só pode ser indecoroso (comodidade própria, covardia ou pretensão) é uma força antinacional e falsificadora. Uma arte nacional não se faz com escolha discricionária e diletante de elementos: uma arte nacional já está feita na inconsciência do povo”. (Mário de Andrade).
É por isso que o choro brasileiro sustenta uma incrível vivacidade, de tamanha envergadura, que ergue no coração do Brasil, ao lado dos três poderes e ministérios, a força deste sentimento. O Espaço Cultural do Choro é a mais pura verdade do ambiente artístico brasileiro. O condutor desta nação musical de tantos sons ancestrais e contemporâneos, o bandolinista e compositor, Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim, lutou e luta diariamente, de forma aguerrida, sacrificante e solitária para conquistar este que será, definitivamente, o assento institucional da nossa música.
Neste novo milênio, o Brasil foi naturalmente jogado às reflexões internas na observação dos seus ativos e na aquisição de assento no diálogo concreto entre as nações mais importantes do mundo. E é justamente essa combinação científica e independência energética e, por conta da sua natureza, é que o Brasil, hoje, tem voz nas grandes discussões globais. No entanto, sua personalidade como nação precisa de uma certificação mais contundente em sua linguagem. E é neste ambiente é que nasce o Espaço Cultural do Choro, na alvorada de um novo país, para ser, aqui dentro e diante do Estado brasileiro, a instituição com maior valor representativo, certificando somente o que o choro, na prática já é, um representante nacional e internacional da mais rica, mais extensa e democrática linguagem do homem brasileiro. O choro é o povo brasileiro em forma de música.
Espero, sinceramente, que o governo brasileiro, através do Ministério da Cultura do Brasil, tenha a delicada sensibilidade, percepção e compreensão capazes de dar a este momento histórico, a importância que este conjunto de ações refletido no coração das decisões políticas do Brasil, e tenha de fato assento permanente e apoio irrestrito para o seu fortalecimento e independência, certificando e incluindo este monumento que é o símbolo da música brasileira ao seu corpo de ações estratégicas. O Brasil não pode perder esta oportunidade tão essencial para a sua soberania.
“O critério da música brasileira para a atualidade deve de existir para a atualidade. A atualidade brasileira se aplica aferradamente a nacionalizar a nossa manifestação”. (Mário de Andrade).
O que não podemos mais no atual estágio de nação em que se encontra o Brasil, é repetir erros tão gritantes como no passado, como nos é apresentado em artigo comovente de Mário de Andrade sobre a luta do nosso maior gênio musical, Villa Lobos, em artigo publicado no Diário Nacional de São Paulo em
02-07-1930. “Mas esse artista de uma genialidade que ninguém discute este realmente grande compositor de uma atividade assombrosa, de quem o Brasil está se beneficiando imensamente, nós deixamos que debata numa angustiosa vida de aventuras musicais, virando empresário aqui, virando virtuose de violoncelo noutra parte, se prendendo à empresas, editoras que o exploram a valer. É certo que todas essas atrapalhações da vida jamais impedem o verdadeiro artista de produzir obras geniais. E, de fato, essa desproteção vergonhosa, Villa Lobos responde nos dando os Choros nº 10, o Amazonas, as Cirandas, as Serestas e outros monumentos com que o Brasil enriquece a música universal”. (Mário de Andrade).

Sobre "Carlos Henrique Machado Freitas "
http://www.myspace.com/carloshenriquemachado
Bandolinista, compositor e pesquisador.

18 de mai. de 2010

* CHORÔ

Choro popularmente conhecido como chorinho;é um genro musical,uma musica popular e instrumental brasileira ,com mais de 130 anos de existência os musicos são chamados de "chorões". Apesar do nome o gênero é em geral de ritimo alegre e muito agitado caracterizado pelo virtuosismo improviso dos participantes, que precisam ter muito estudo e técnica ou até mesmo pleno dominio dos instrumentos
O chorô é considerado a primeira musica popular urbana do Brasil e difícil de ser executada.
O flautista Joaquim Calado é considerado um dos criadores ou pelo menos um dos principais colaboradores para a fixação do gênero incorparando ao solo de flauta dois violões e um cavaquinho, que improvisaram livremente em torno da melodia caracteristica do chorô moderno ,que recebeu forte influência dos ritmos que no início eram somente interpretados ..demorando algumas décadas para ser considerado um GÊNERO MUSICAL